25 de jul. de 2010

Para não falar que não falei do tempo

Depois de falar de futebol e política, me restava falar do tempo, para completar a categoria "jogando conversa fora".

Entre as belezas naturais do Japão está, nos dizem alguns guias de viagem e alguns entusiastas nipônicos, a maravilha de ter as quatro estações do ano bem definidas.

Esse é um tema quase onipresente na cultura japonesa, dos poemas haiku (que segundo algumas escolas obrigatoriamente devem conter uma referência à estação do ano) aos temas decorativos em utensílios domésticos, passando por rituais anuais, como os fogos de artifício no verão (hanabi), a observação da lua no outono (tsukimi) e, o mais famoso deles, a época das sakura na primavera (hanami), só para citar alguns.

Recentemente constatamos, porém, que o ano japonês pode ser dividido em duas estações, quando é fácil sair de casa, e quando não. Na segunda categoria temos uma época do ano em que é difícil sair de casa porque faz um frio dos diabos. Outra, a atual, faz um calor insuportável, com umidade batendo nos 80%, que é ainda menos convidativa. Entre essas duas há um mês em que chove todo dia e uma outra época em que alguns dias chovem tanto que o governo manda você ficar em casa (a temporada dos tufões, em setembro).

Mas há dois respiros de algumas semanas em que todos saem para a rua, próximos do que se convencionou chamar de primavera e outono, quando todos são mais felizes, a temperatura é amena, a vida social explode e te convida para fora de casa. Esses respiros justificam já toda a celebração das quatro estações, mesmo que saibamos que não são quatro. Há que se celebrar as voltas que a Terra dá.

20 de jul. de 2010

Mate con bizcochuelo y dulce de leche

Hay costumbres que uno lleva en la valija a todos lados, como el mate, el dulce de leche y el placer de comer una rica merienda con bizcochuelo casero! No hay nada mejor que compartir esa costumbre con personas que nunca lo han probado y así fue como Yucary se animó a experimentar una merienda Argentina!

Intenté describirle lo que era el mate: "Algo así como un té que se toma con bombilla y que puede ser un poco fuerte... normalmente, lo compartimos con amigos, colegas de trabajo o simplemente lo tomamos solos". No me gusta pensar en "Mate" como un té, pero es la manera más ejemplificativa que encuentro para describir el sabor que tiene... Por otro lado, el concepto de compartir el mismo mate entre todos, suele asombrar bastante y a algunos les da un poco de asco... (yo me incluyo, aunque con el tiempo aprendí a compartilo).

Previendo que podía no gustarle tomar de mi mismo mate, preparé dos: amargos con un poquito de azúcar para que no sea tan fuerte. Comimos un poquito de bizcochuelo con dulce de leche, y esa primera parte le encantó! Después de mostrarle como se prepara el mate y servirle el primero, Yucary bebió un poquito... por su cara se podía notar que no le gustó para nada! pero le dije que era probable que el primero sea muy amargo, asi que le agregue azúcar... Y saben lo que hizo? instintivamente comenzó a revolver el mate con la bombilla !!! Se imaginan el grito que pegué! jajaja Pobrecita, encima que estaba bebiendo algo que no le gustaba yo la persigo con com hacerlo!

Intentó varias veces pero el mate no tuvo éxito con ella... quizás tenga más suerte con mi próxima amiguita japonesa !

11 de jul. de 2010

Eleições no Japão

Hoje, 11 de julho, eleições para a Câmara Alta da Dieta do Japão, o equivalente ao Senado. Apesar do nome, quem manda para valer é Câmara Baixa, que passa as leis. Mas, se entendi bem, a não ser que o governo tenha 2/3 da Câmara Baixa, não consegue governar sem maioria também na Câmara Alta.

O que torna estas eleições importantes, apesar de não poderem causar uma mudança de governo. Estão sendo consideradas o grande teste ao governo do DPJ, partido que assumiu em 2009, no que foi a coisa mais próxima no Japão de uma alternância de poder a acontecer desde a Segunda Guerra Mundial.

(alguém aí lembra de Introdução a Ciência Política? "alternância de poder", essa coisinha que de acordo com alguns ocidentais vem logo depois de "eleições" na lista de ingredientes para uma democracia).

Desde 2009, a principal força política japonesa até então, o LDP, teve seus quadros e número de afiliados tão reduzidos que alguns consideram sua extinção apenas questão de tempo (ie, até que a "gerontocracia do partido" morra de causas naturais). O LDP simplesmente não sabe fazer oposição (uma espécie de PMDB japonês?), mas é a coisa mais próxima que o Japão tem disso hoje.

Caminho livre para o DPJ então? Não é bem assim, o voto de confiança que os japoneses deram ao DPJ transformou-se em uma taxa de aprovação de menos de 20% em menos de um ano, quando ficou claro que o novo partido recorria a práticas bastante parecidas ao seu antecessor. Um espinhoso problema sobre bases norte-americanas em Okinawa, que só fez deixar evidente as limitações do Japão em relação aos EUA (lembrem-se, este país foi ocupado), deu o tiro de misericórdia. Em conseqüência, mês passado, o Primeiro Ministro, Hatoyama, a renunciou, mas em seu sacrifício levou junto aquele que era considerado o verdadeiro chefão (e origem de muitos dos males) do DPJ, Ozawa.

Assumiu Kan, do mesmo partido, o que recuperou os índices de aprovação e deu origem a uma série de infâmes trocadilhos na imprensa anglo-saxã com seu nome (Kan he deliver? Yes, he Kan!). Único primeiro ministro que não é filho ou neto de um primeiro ministro em muitos anos, Kan talvez seja um passo a mais na necessária alternância de poder japonês. Talvez seja também a última esperança do DPJ de levar adiante as prometidas reformas que ganharam o voto dos japoneses: acabar com o desperdício de recursos públicos e com a "ditabranda" dos burocratas.

Tarefa dificílima, principalmente considerando que o principal ponto de sua atual plataforma de governo é dobrar o imposto ao consumidor (de 5% para 10%) para tentar arrumar as contas do governo (que deve muito mais do que o PIB) e evitar que aconteça aqui o que aconteceu na Grécia. Sorte deles que a oposição praticamente não existe.

A pergunta é se os japoneses assinarão esse cheque em branco. Dúvida maior ainda é o que pode acontecer se não assinarem - quem vai conseguir governar o Yamato?

Tudo isso para dizer que hoje aconteceram eleições muito importantes no Japão. É verdade que nas últimas semanas foram marcadas por campanhas, principalmente carros de som e cartazes, rigorosamente padronizados, mas nada que chamasse muita atenção. Achei que hoje seria diferente, moro ao lado de uma escola, colégio eleitoral, esperava ver o chão pavimentado de panfletos. Quase não deu para notar os eleitores.

PS na segunda: o cheque não tinha fundos, pelo jeito.

10 de jul. de 2010

Império do Kawaii

Verão. Mais de 36•C. Umidade 99,9999%. Condições de trabalho insalubres. Mas sempre poderia ser pior...




...eu poderia trabalhar com marketing, como o carinha dessa foto.

8 de jul. de 2010

Considerações coperas

Vocês lembram de 2002? A Copa que vocês não viram direito, porque os jogos eram no meio da madrugada. Bom, enquanto vocês matavam trabalho para ver Argélia vs. Eslovênia, deste lado do planeta a gente penava contra o sono para acompanhar os jogos. Na primeira fase ainda deu para saciar o verme boleiro com jogos às 20h30, mas à medida que as fases avançaram, também os horários.

O que significa dizer que não se matou trabalho na repartição, mas que passávamos boa parte do dia reclamando do sono e discutindo os lances da noite anterior - futebol não são só 90 minutos, melhores momentos, a mesa redonda do domingo e o uso futebolístico para procrastinação, tudo é parte do esporte mais foda do planeta.

O pacote copeiro foi quase completo por aqui, teve bolão, juntar a galera para ver em casa (um sonolento Brasil e Portugual) e tudo mais. Perdi ganhando na bolsa de apostas, acertei quem ia chegar na final, mas o prêmio só fez empatar a quantia que perdi nos bolões de cada jogo do Brasil. Quem ganhou para valer foi o vende-pátria que apostou na Holanda contra o Brasil. Deve ter consultado o Polvo Paul. El puto pulpito, como o apelidaram alguns argentinos.

Em Dogs and Demons, o livro que você não deve ler se quer se apaixonar por este país, Kerr conta uma anedota sobre um sapinho vidente que dava conselhos no auge da bolha especulativa dos anos 90. O surpreendente não é que agentes financeiros consultassem o sapo, mas que os conselhos do sapo tenham se provado mais corretos do que as orientações da burocracia estatal (o que não evitou a prisão do sapo). E agora a Europa produz o Polvo Paul. Dizem que a crise na Grécia começou quando o governo ignorou os conselhos do molusco. Dizem também que vai virar たこ ポル.

Teve quase tudo, teve até Galvão Bueno na tecla SAP da minha TV (para não perder o momento: #CALAABOCAGALVÃO). Só faltou o bar. Copa do Mundo sem jogo no bar é difícil. Talvez prevendo já a desclassificação, fomos para um pub irlandês ver Brasil vs. Holanda. Foi um bom primeiro tempo, como qualquer comentarista esportivo terá narrado. Foi divertido. Os locais em volta se empolgaram com a gente e gritavam juntos. Não, não foi dessa vez que aprendi palavrão em japonês.

Mas no segundo tempo, um fenômeno interessante, que me lembrou que há vários níveis de torcedor. Por exemplo, eu não gosto tanto de futebol, gosto mesmo é do Santos F.C. e faço uma pequena concessão à seleção a cada quatro anos, pelo fato social total que representa a Copa do Mundo. Tem gente que nem essa concessão faz, como meu velho. Tem gente que torce pelo país, como um locutor esportivo que louva qualquer time brasileiro jogando contra um time internacional. Tem gente que diz que gosta é do esporte e tem um time de predileção em cada país (esses são os que menos entendem de futebol, obviamente).

E há os japoneses, que aprenderam a jogar bola com o Zico, inclusive, dizem, a bater pênalti. Os japoneses torcem para a bola. E de repente, no segundo tempo, todos aqueles novos cristãos  convertidos à canarinho gritavam com igual intensidade para a Holanda. Não entendia, como aquele cara que cruzou o pub para abraçar a gente quando saiu o gol do Brasil podia vir tirar sarro na minha cara com o gol de cabeça do Sjneider?! Eu devia ter aprendido algum palavrão em japonês....

Pelo menos não durou muito. Antes de terminar o segundo tempo, antes mesmo da vitória da Holanda estar consolidada, já éramos os últimos no bar, praticamente. O último trem. A vida noturna em Tóquio é regulada pela hora do último trem. Se eles perderem o trem que sai agora às 12 horas, só amanhã de manhã. E ninguém pareceu se importar em voltar para casa sem saber o resultado final.

Mas poderia ser pior. E para nos certificarmos, no dia seguinte fomos ver o chocolate que tomou a Argentina em um bar esportivo para gringos em Roppongi. Lotado de alemães. No cantinho, tímido, estava um local com a camisa dos Pumas, o time de rugby (yo te daré, te daré una cosa, una cosa que empieza com P....Pumas!). Nos aprochegamos. Um pouco antes do jogo, parece que toda a colônia portenha em Tóquio apareceu por lá. Éramos quase dez, namoradas japonesas incluídas, dava para lotar uma kombi. Mas não deu para torcer muito, flor de paliza nos dieron los alemanes.

Há duas grandes diferenças entre os brasileiros e argentinos, pelo menos no que se refere a futebol. A principal é que os argentinos não entendem o conceito de mandinga e saem por aí declarando-se campeões antes da hora. Esta é a razão fundamental à qual eu atribuo o fato de não terem ganhado nada depois de 86, mas há quem prefira a tese de que é uma maldição, mas a suposta maldição só confirma a incompreensão do conceito de mandinga.

A outra é que, enquanto brasileiros sempre criticaremos quem for técnico da seleção, não importa quem seja (o PSDB está fazendo lobby na CBF para botar o Lula de técnico, dizem), o amor argentino é incondicional, não importa se o chocolate for de 4, não importa Maradona. Mentes argentinas mais lúcidas não hesitam em apontar nisso uma clara perda de dignidade, mas eu confesso que sinto uma certa inveja, gostaria de poder torcer assim. Foi com alegria, então, que me uni aos dez argentinos em coro, vamos vamos, argentina, a ganaaaar, mesmo que o placar, a essa altura a 3x0, apontasse claramente nosso impedimento.

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Em tempo:

A patrocinadora montou um enorme pavilhão para promover os Samurai Blue no Yoyogi Park (lá em casa se pronuncia "shô-shô-gui"), mas avisaram para visitar logo, porque só tinham alugado o espaço para a primeira fase (ninguém acreditava que chegariam às oitavas). E fiquem com os melhores momentos da boy band que mais joga bola no planeta!!

2 de jul. de 2010

Cuerpos Latinos a sufrir en Tokyo!



Cuando varias mujeres me hablaban de las dificultades que tenían para comprarse ropa en Toquio, realmente no creía que era para llevarlo tan a serio, hasta que, me toco a mi...

Para que tengan una idea, en términos generales, la mujer japonesa en muy flaca. Algunos dicen que es porque se cuidan mucho en las comidas, otros que es la contextura física, otros que las porciones de comida son mas pequeños que en nuestros países. En definitiva, supongo que será la combinación de todos esos factores los que hacen que en la calle se vean mujeres alrededor de los 45 kilos (peso el cual, no recuerdo haber tenido en mi vida adulta!)

Es evidente que aquí, ser flaca es considerado un factor de belleza muy apreciado como tantos otros lugares del mundo; no obstante, no vayan a creer que ellas son flacas y con curvas... ya que las japonesas están muy lejos de conocer el concepto de cintura, caderas, lolas, y cola....

Después de leer esto, estarán pensando que soy una envidiosa! Y confieso que solo estoy de algunas ponjas con piel perfecta, 180 de altura y un cuerpo increible, pero en general quedo espanda porque parecen ser muejeres con problemas alimenticios serios. Lo peor del caso, es que con el tiempo la sociedad se acostumbra a aceptar esos parámetros de bellesa como normales.

Viendo tanto cuerpo flaco, empecé a preocuparme por mi figura y ahora hago más gymnacia e intento cuidarme en las comidas a fin de parecerme con la multitud! No obstante, mi cuerpo es diferente y por más que lo quiera japoneisar no consigo. Primero, uso ropas diferentes y como hace tanto calor mis remeras muestran bastante la piel, con lo cual, las ponjas miran horrorizadas pensando en como estoy bronceando mi piel de esa manera! Segundo, mis dimensiones son más grandes y eso lo corroboré cuando fui a comprar ropa...

Entre a la tienda, elegí unos vestidos bien sueltos (cosa de estar segura de que me iban a entrar) y me los probé... Meu Deus!! Con el primero, parecía embarazada de 5 meses!! El vestido salía de mis lolas y bajaba derecho al piso, cuando puse un cinturón, quedo aún peor... ahora tenía unas caderas enormes acompañando el conjunto! Con el segundo, pensé que los botones de la parte superior iban a matar a alguien si por acaso se salían! Y con el tercero, tampoco tuve suerte, ya que no conseguía meter el brazo en la manga que era muy estrecha... Al final, desistí y solo me compré un pantalón dos talles más grandes de lo que normalmente compro...

Suerte que en casa, las curvas son bienvenidas!!