Depois de falar de futebol e política, me restava falar do tempo, para completar a categoria "jogando conversa fora".
Entre as belezas naturais do Japão está, nos dizem alguns guias de viagem e alguns entusiastas nipônicos, a maravilha de ter as quatro estações do ano bem definidas.
Esse é um tema quase onipresente na cultura japonesa, dos poemas haiku (que segundo algumas escolas obrigatoriamente devem conter uma referência à estação do ano) aos temas decorativos em utensílios domésticos, passando por rituais anuais, como os fogos de artifício no verão (hanabi), a observação da lua no outono (tsukimi) e, o mais famoso deles, a época das sakura na primavera (hanami), só para citar alguns.
Recentemente constatamos, porém, que o ano japonês pode ser dividido em duas estações, quando é fácil sair de casa, e quando não. Na segunda categoria temos uma época do ano em que é difícil sair de casa porque faz um frio dos diabos. Outra, a atual, faz um calor insuportável, com umidade batendo nos 80%, que é ainda menos convidativa. Entre essas duas há um mês em que chove todo dia e uma outra época em que alguns dias chovem tanto que o governo manda você ficar em casa (a temporada dos tufões, em setembro).
Mas há dois respiros de algumas semanas em que todos saem para a rua, próximos do que se convencionou chamar de primavera e outono, quando todos são mais felizes, a temperatura é amena, a vida social explode e te convida para fora de casa. Esses respiros justificam já toda a celebração das quatro estações, mesmo que saibamos que não são quatro. Há que se celebrar as voltas que a Terra dá.
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